Estas "Conjeturas" provêm do Blogue C de...

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Conjeturas



21 de Novembro de 2011

Há crimes, e crimes, contra a humanidade

Como em tudo na vida, é preciso ver o mundo à luz da luta de classes e descobrir quais os interesses e objectivos em jogo.
   
O conceito de "crimes contra a humanidade", está a ser usado como o de "terrorismo". Os políticos da direita mais reaccionária, os poderosos do sistema capitalista (e do imperialismo) pretendem confundir e manipular a opinião pública, desviando as atenções dos verdadeiros crimes contra a humanidade que estes responsáveis cometem.
Todos os dias aparecem nos jornais acusações de crimes contra a humanidade, para o Tribunal Penal Internacional (TPI), para legitimar as intervenções abusivas dos que pretendem defender interesses, na maior parte das vezes, sem legitimidade.
Hoje foi a vez de um líder da oposição da direita venezuelana, denunciar o Presidente Chaves, no TPI, de crimes contra a humanidade.

Sempre que os Estados Unidos direta ou indiretamente acusam algum líder de um país, de política contrária à dos EUA, é certo que estão a preparar uma intervenção para o liquidar fisica ou politicamente. 
São crimes contra a humanidade os cometidos por Kadafi, mas não são os que a NATO cometeu bombardeando sistematicamente cidades e infraestruturas essenciais para a vida das populações como as redes de abastecimento de água e electricidade.
Também não foram crimes contra a humanidade os cometidos por Pinochet, ditador que os americanos apoiaram, para derrubar o Governo legal do Chile e assassinar o Presidente Allende.

Não são crimes contra a humanidade a CIA derrubar governos como o de Mohammed Mossadegh primeiro-ministro do Irão, que nacionalizou o petróleo do país e o substituir pelo ditador xá Mohamed Reza, financiado pelos EUA.
Não são crimes contra a humanidade a invasão à Baia dos Porcos, em Cuba, o golpe militar de 31 de março de 1961, com envolvimento dos EUA (CIA) e  preparação de golpes no Brasil e na América latina. 
Não são crimes contra a humanidade a invasão de Granada por dez mil marines dos EUA, o derrube do governo, e o financiamento da milícia que combatia a revolução sandinista na Nicarágua.
Não são crimes contra a humanidade a "Operação tempestade no deserto" com invasão do Iraque em 1990.
Não são crimes contra a humanidade o bombardeamento de uma fábrica de medicamentos no Sudão, por suspeita de fabricação de armas químicas, facto que se provou ser falso.
Não são crimes contra a humanidade os bombardeios a Jugoslávia, e o bloqueio económico a esse país em 1999.
Não são crimes contra a humanidade os cometidos no Afeganistão, no Iraque, no Paquistão, como não foram, os cometidos no Vietname e na Coreia.
Não são crimes contra a humanidade as experiências médicas e da industria farmacêutica com milhares de pessoas que foram contaminadas sem o saberem, como tem sucedido em África e como o que foi agora descoberto na Guatemala.
Não são crimes contra a humanidade, os cometidos pelos militares americanos nas várias intervenções invasivas de países e de "auxilio" como sucedeu na Birmânia ou as torturas e julgamentos sumários em vários países e em especial no Iraque e Afeganistão, ou nas dezenas de prisões secretas da CIA.
Não são crimes contra a humanidade os gastos militares em guerras provocadas, em bombardeamentos e destruição massiva de populações, enquanto mais de três mil milhões de seres humanos em todo o mundo vivem com menos de 2,5 dólares por dia; e mais de mil milhões de seres humanos não comem sequer uma refeição suficiente e regular, por dia, incluindo alguns milhões de cidadãos americanos.
Não são crimes contra a humanidade, o desenvolvimento de uma indústria de guerra que provoca conflitos para vender armas e gastar os stocks de armamento em obsolescência, enquanto nos próprios EUA morrem muitas pessoas por falta de apoio monetário à vida e à saúde. 
Não são crimes contra a humanidade, a extorsão das matérias primas e recursos dos povos, de forma que 40% das populações mais pobres do mundo partilham apenas 5% do rendimento global ou quando 20% dos mais ricos do mundo sacam 75% do rendimento mundial. 
Não são crimes contra a humanidade, 10% de pessoas nos EUA controlarem 80% dos recursos financeiros do país e 90% da população ter de sobreviver com apenas 20% desses recursos. 
Não são crimes contra a humanidade o assassinato em massa de palestinianos por invasores (Israel com apoio dos EUA) que desrespeitam os direitos humanos e os direitos de povos reconhecidos pela comunidade internacional.
Não são crimes contra a humanidade o bloqueio a Cuba há mais de 50 anos, apesar de condenado pela quase totalidade dos países representados na ONU.
Não são crimes contra a humanidade, o apoio político e militar, durante décadas, a ditaduras militares e regimes totalitários em países da Ásia, da África e da América Latina.
Não são crimes contra a humanidade o ensaio de armas atómicas começando por Hiroshima e Nagasaki exterminando populações indefesas e desarmadas e, mesmo após a extinção do Pacto de Varsóvia, continuar em expansão o arsenal de milhares de ogivas nucleares, e outras armas de destruição massiva altamente sofisticadas, com risco para todo o mundo.
Não são crimes contra a humanidade a fabricação de milhões de milhões de dólares e petrodólares para sustentar um orçamento militar que supera anualmente uma centena de milhar de milhões de dólares, mais que todos os orçamentos militares de todos os povos do mundo, somado.
Não são crimes contra a humanidade a fabricação de valores (dinheiro) fictícios, pelos principais bancos mundiais de origem norte americana e com isso desencadearem uma crise financeira mundial aproveitada para, através de medidas de "austeridade", salvar os bancos especuladores, e espalhar a miséria a centenas de milhões de famílias espoliadas ou desempregadas.
Não são crimes contra a humanidade os crimes ambientais, a recusa dos EUA assinarem o  Protocolo de Kyoto e serem os principais poluidores do planeta afectando o ambiente a saúde e destruição da natureza, com diminuição do tempo de vida das pessoas e da humanidade. 
Não são crimes contra a humanidade a exploração do trabalho, quase sem limites, provocando inúmeras doenças físicas e psíquicas, da actual geração, com prejuízos sociais elevadíssimos.
Não são crimes contra a humanidade, apesar do crescente avanço tecnológico e científico, do enorme aumento da produtividade e do excesso de produção para as necessidades humanas, aumentar os tempos de trabalho, e por isso aumentar ainda mais o desemprego que atinge mais de 200 milhões de pessoas.

Uma busca exaustiva na net acrescentaria, certamente muitos mais crimes contra a humanidade intencionalmente cometidos com objectivos políticos para servirem os interesses dos "donos do mundo", dos que têm o poder do dinheiro à custa dos milhares de milhões de explorados.

Neste blog foram já publicados textos que poderão complementar esta reflexão. 





28 de Outubro de 2011


Fim da linha. Fazer a agulha

O sociólogo norte-americano Immanuel Wallerstein acredita que o capitalismochegou ao fim da linha: já não pode mais sobreviver como sistema.

Professor da Universidade de Yale e assíduo dos Fóruns Sociais Mundiais, acredita o capitalismo "desabará sobre suas próprias contradições" e que "vivemos o momento preciso em que as ações coletivas, e mesmo individuais, podem causar impactos decisivos sobre o destino comum da humanidade e do planeta". 

As declarações foram colhidas no dia 4 de outubro pela jornalista Sophie Shevardnadze, que conduz o programa Interview na emissora de televisão russa RT. 





24 de Outubro de 2011


O Sistema capitalista e o consumismo


A irracionalidade do sistema e a destruição dos recursos do planeta







19 de Setembro de 2011


Adaptação de um poema de Bertolt Brecht



Elogio da Dialéctica

A injustiça avança hoje a passo firme
Os tiranos fazem planos para dez mil anos
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são
Nenhuma voz além da dos que mandam
E em todos os mercados proclama a exploração; 

Entre os oprimidos muitos há que dizem:
Aquilo que queremos nunca mais o alcançaremos

Mas...

quem está vivo não diga: nunca

O que é seguro não é seguro

As coisas não continuarão a ser como são

Depois de falarem os dominantes,
falarão os dominados

Quem pois ousa dizer: nunca
De quem depende que a opressão prossiga? De nòs
De quem depende que ela acabe? Também de nòs
O que é esmagado que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha?
E o nunca será: ainda hoje!
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã


21 de Agosto de 2011


O esforço da UGT


Na passada quarta-feira, o Jornal A Bola noticiava que "Apesar de considerar positiva a descida da taxa de desemprego em Portugal, a UGT alerta que na generalidade os números apresentados «são ainda dramáticos», dado que estão sem emprego cerca de 675 mil pessoas.


A UGT bem se esforça para defender as troikas com quem negociou as medidas de austeridade para os trabalhadores. 
Nesse seu serviço, mente e pretende que os trabalhadores acreditem que o desemprego está a diminuir. Mau serviço para uma Central Sindical, que indo a correr em ajuda do Governo, transmite números de desempregados de 675 mil quando todos sabemos que são perto de 1 milhão.


Diz o secretário-geral adjunto da UGT «Olhamos como positivo este abrandamento do desemprego embora registemos que uma taxa de 12,1 por cento configura na prática centenas de milhares de desempregados que continuam a preocupar a UGT» e que o Governo «terá de minorar urgentemente» a situação de desemprego em Portugal, lembrando que este segundo trimestre inclui meses de incidência sazonal, que normalmente registam aumento de emprego.

Abrandamento? Que abrandamento?


A UGT toma os números oficiais do INE como quem diz "o Governo está a governar bem e o desemprego está a diminuir", contudo, para não "dar muito nas vistas" afirma que o Governo «terá de minorar urgentemente» a situação. Uma no cravo outra na ferradura.


Já a CGTP tem um falar diferente "Se considerarmos ainda os inactivos e o sub emprego, a taxa de desemprego é superior a 17% e afecta perto de 1 milhão de trabalhadores".

"A (actual) ligeira redução do número de desempregados tenderá a ser efémera dado que não pode ser desligada do período de sazonalidade que vivemos".

"Aliás, entre o 1º e o 2º trimestre, dos 48 mil novos trabalhadores por conta de outrem, mais de 80% têm um vínculo precário, confirmando a perpetuação da rotação entre o emprego com vínculo precário e o desemprego. Esta é uma realidade que afecta de forma especial os jovens, cuja taxa oficial de desemprego já ultrapassa os 27%."

"Por outro lado o desemprego de longa duração (mais de 12 meses) e longuíssima duração (25 ou mais meses) é hoje um factor que degrada o tecido social português e empurra mais de 372 mil trabalhadores para uma situação insustentável. Isto num quadro em que 58% do total de desempregados não recebe quaisquer prestações de desemprego".



Pela leitura destas interpretações, das duas Centrais Sindicais, creio ser fácil verificar o posicionamento de cada uma, face à defesa dos trabalhadores.




10 de Julho de 2011


Aprender, aprender sempre!


Quando o PCP acusou o Presidente da República e Governo de se submeterem aos mercados, em 13.07.10, Cavaco diz que não vale a pena “recriminar” agências de rating.
Quando o PCP apontou o caminho da criação de emprego e defesa da produção nacional, sem submissão à especulação dos mercados, em 9.11.10 Cavaco afirmou que "A retórica de ataque aos mercados internacionais não cria um único emprego”. 
Também em campanha eleitoral, em 21.12.10, Cavaco afirmou, doutamente, que “Insultar os mercados prejudica a economia nacional”. 
Recentemente Cavaco dirigiu-se aos críticos "Àqueles que sofrem de ignorância na análise, eu apenas posso recomendar um pouco mais de estudo". (aqui) e, apesar disso agora reconhece (8.07.11) que “agências norte-americanas são ameaça à estabilidade europeia”.



Cavaco trepa! 


Conjecturando, entendo que Cavaco se recomendou a si próprio "um pouco mais de estudo", estudou, e assim trepando, o  poderá levar a reconhecer a razão do PCP. 




15 de Junho de 2011


Hoje no DN li o seguinte:

"Apesar dos bombardeamentos não nos submeteremos", declarou o coronel, pedindo à população: "não tenham medo! Avancem, avancem".
Dirigindo-se aos países que participam nas operações militares na Líbia, Kadhafi advertiu que "nunca poderão vencer um povo armado". Pouco depois da divulgação da mensagem, novas explosões abalaram a capital líbia, Tripoli, segundo um jornalista da agência noticiosa francesa AFP.


É já a terceira vez que vejo notícias sobre as declarações de Kadhafi
ter armado o povo. Li ontem, também que mais de 100.000 populares se juntaram ao exército líbio como voluntários. 

A primeira foi no CM em 21 de Março através das Agências, com o seguinte título:
 Líbia: Um milhão de pessoas armadas

"Vamos armar as mulheres. Vinde lutar contra as nossas mulheres, bando de cobardes", afirmou Kadhafi na TV, no segundo discurso desde o início da operação aliada ‘Odisseia ao Amanhecer'. "Estamos preparados, vamos vencer. Deus está do nosso lado. Do vosso tendes o Diabo", afirmou.

Mas a guerra terá, aparentemente, de ser ganha pela população armada, pois um porta--voz militar anunciou: "Uma ordem foi enviada às unidades militares para que respeitem um cessar-fogo imediato."
Entretanto, caças franceses e dos EUA castigaram Tripoli pelo segundo dia consecutivo, depois de os ataques de sábado destruírem mais de vinte alvos junto à capital e em Benghazi, reduto rebelde, cercado por Kadhafi. Foram ainda destruídas bases militares e antiaéreas em seis outras cidades.
Em resposta, milhares de apoiantes do regime cercaram ontem um quartel de Tripoli e o palácio presidencial, oferecendo-se como escudos humanos. "Deus, Kadhafi e Líbia, nada mais!", gritaram milhares de jovens. Os EUA asseguraram que o líder líbio "não é um alvo". Mas colunas de fumo foram vistas a sair de uma área próxima do palácio.


Kadhafi é um caso raro de "ditador" que arma o povo e não tem mêdo que o povo armado se volte contra ele. Lembro-me do mesmo tipo de actuação de Fidel Castro, outro "ditador" especial.

Com isto começo a conjecturar que os "democratas" não se arriscariam a tanto.

Ou será que os ditadores são ditadores por impedirem a exploração do povo pelos democratas e liberais donos das grandes fortunas e que tudo querem controlar para explorar o povo trabalhador?

O mundo já não é o que era. Já há ditadores que se apoiam no povo e democratas que servem os banqueiros capitalistas. 
 



22 de Maio de 2011
Gostar de ser enganado


Serão os portugueses masoquistas. Gostam de sofrer? Gostam de ser enganados?

O jornalista Sousa Tavares, escreveu “político que diga toda a verdade não ganha eleições”.
 
Isto é estar convicto da estupidez da maioria dos eleitores. Terá razão?
Poderia ter dito que "político honesto não ganha eleições".

O povo diz que que "À primeira, cai qualquer. À segunda cai quem quer." E à terceira?




23 de Abril de 2011
Retrocesso civilizacional

O retrocesso civilizacional que vimos em Portugal, acontece um pouco em muitos países do mundo desde a derrota do Socialismo na URSS. Desde então, o mundo foi invadido pelos anti-valores do capitalismo, da lei do mais forte, do consumismo, da deturpação da história e da formatação de uma cultura global, pela globalização da vida e das relações capitalistas da sociedade.


13 de Abril de 2011
Os Partidos são todos iguais?


Pensando bem... 
os Partidos que muita gente diz que "são todos iguais" são os que constantemente se vêm na Televisão enganando as pessoas. São os Partidos da Direita PS, PSD e CDS-PP. De facto as diferenças entre eles são mínimas. Mas esses, não são todos!
Há os que raramente aparecem na Televisão como o PCP. Esse não é igual aos outros, porque se fosse, estava naquele grupo e tinha muito "tempo de antena" na televisão. Mas como não é, a Televisão e os Jornais, "esquecem-se" dele. Contudo, existe o Jornal Avante que "põe a boca no trombone" e diz o que os outros escondem. Por isso o PCP é bem diferente dos que são todos iguais.


12 de Abril de 2011

Quem contraiu a maior parte da dívida? Que responsabilidade temos sobre a dívida privada?


E se for posto em causa a legitimidade do pagamento de dívidas privadas pelos portugueses tal como fizeram os islandeses? Pensando melhor, porque carga d'água temos nós, o povo, que pagar dívidas que não contraiu? 


11 de Abril de 2011

Conjecturando, pergunto se Mário Soares, "socialista" (primeiro responsável pelo rumo que Portugal seguiu após o 25 de Abril de 1974), homem "coerente" (que, sempre que é preciso escolher, escolhe pela direita mais reaccionária) vai continuar a apoiar Fernando Nobre, como apoiou contra a candidatura do PS Manuel Alegre. E, se o fizer, para manter a sua coerência, certamente arrastará consigo os "grandes nomes" do PS, todos unidos e solidários, como arrastou contra Manuel Alegre.

10 de Abril de 2011

A deturpação e a realidade

Porque é que só se fala no PS, PSD e CDS?

Realidade: PS, PSD e CDS têm a mesma política com pequenas diferenças pessoais.


Deturpação: PSD e CDS são oposição


Querem-nos impingir a ideia que PSD e CDS são oposição para esquecer a verdadeira oposição e...


... para que uma vez governe PS e outra vez o PSD (com ou sem CDS à mistura). A alternância sem alternativa.


Deturpação: Quando o povo diz que são todos iguais, tem alguma razão pois a Televisão e os Jornais apenas falam no PS, PSD e CDS.


A Realidade é que querem que não se saiba que existem outros, que são a verdadeira oposição e que não são iguais aos que são todos iguais.



25 de Março de 2011
Quem acredita que todos os partidos são iguais, o melhor que tem a fazer é não votar, ou se acha que são todos bons o melhor é votar em todos para não se enganar.

8 de Março de 2011
A lei ao serviço de quem está no poder e cada vez mais afastada do povo.

E, quem está no poder, são cada vez menos os representantes do povo.

O Governo dito "socialista", está a entregar a gabinetes privados de Advogados (e que advogados) tarefas de produção da legislação. Para além da fúria da privatização, muitos outros interesses privados se podem colocar. Os dos lobbies que por aí andam e muitos outros que as influências e ideológicos e políticas geram. Mas, não é isso que vem agora ao caso. Lembrei-me daquilo que diz o povo, generalizando claro, que os advogados complicam as coisas para serem eles os únicos a poder descomplicá-las. Ganham a complicar e ganham a decifrar o que complicaram. Apesar de isto ser contado como anedota, têm muito que se lhe diga. Os lobbies fazem este trabalho de forma sofisticada, propondo legislação cheia de manhas a ponto de ser utilizada para defender interesses ilegítimos. Em boa parte é o que se passa com os julgamentos da "alta corrupção" dos "grandes vigaristas" dos que roubam muitos milhões e que vêm os seus processos ser arquivados ou adiados sistematicamente através de artifícios administrativos, que até permitem a anulação de casos de grandes crimes mais que evidentes. É assim que grandes pedófilos, corruptos, vigaristas, ladrões, e toda essa escumalha, são libertados e até indemnizados, pelo Estado que somos todos nós.
Há vários anos, fui testemunha de um caso em tribunal. O crime era evidente mas o advogado do arguido tentava desculpá-lo. Quando me interrogaram tentei responder com os factos que conhecia. O Juiz impediu-me de o fazer obrigando-me a responder apenas a sim ou não às perguntas que me faziam. Claro que as perguntas eram tendenciosas e desvirtuavam a realidade. Sempre que explicava os factos o Juiz mandava-me calar. Expliquei ao Juiz que os factos não eram os que estavam a ser perguntados. O Juiz ameaçou-me com a expulsão da sala se voltasse a falar para alem da resposta sim ou não às perguntas que me faziam. Pedi desculpa ao Juiz, justificando que julgava que o tribunal queria saber a verdade. Fui ameaçado de prisão e expulso do tribunal. É claro que o criminoso, um grande construtor, foi ilibado.
É sabido que ninguém pode invocar o desconhecimento da lei. Se for banqueiro não precisa pois, com o dinheiro dos outros, paga bem aos seus gabinetes de advogados. Se for um simples trabalhador, as dificuldades são enormes. É por isso que o Governo, lançou o simplex para facilitar o cidadão.
Vejamos um exemplo do trabalho legislativo simplificado.
O art. 1º do Dec.-Lei 35/2010 de 15 de Abril começa da seguinte forma:
Os artigos 143.º e 144.º do Código do Processo Civil aprovado pelo Decreto -Lei n.º 44 129, de 28 de Dezembro de 1961, alterado pelo Decreto -Lei n.º 47 690, de 11 de Maio de 1967, pela Lei n.º 2140, de 14 de Março de 1969, pelo Decreto -Lei n.º 323/70, de 11 de Julho, pela Portaria n.º 439/74, de 10 de Julho, pelos Decretos -Leis n.os 261/75, de 27 de Maio, 165/76, de 1 de Março, 201/76, de 19 de Março, 366/76, de 15 de Maio, 605/76, de 24 de Julho, 738/76, de 16 de Outubro, 368/77, de 3 de Setembro, e 533/77, de 30 de Dezembro, pela Lei n.º 21/78, de 3 de Maio, pelos Decretos -Leis n.os 513 -X/79, de 27 de Dezembro, 207/80, de 1 de Julho, 457/80, de 10 de Outubro, 224/82, de 8 de Junho, e 400/82, de 23 de Setembro, pela Lei n.º 3/83, de 26 de Fevereiro, pelos Decretos -Leis n.os 128/83, de 12 de Março, 242/85, de 9 de Julho, 381 -A/85, de 28 de Setembro e 177/86, de 2 de Julho, pela Lei n.º 31/86, de 29 de Agosto, pelos Decretos -Leis n.os 92/88, de 17 de Março, 321 -B/90, de 15 de Outubro, 211/91, de 14 de Junho, 132/93, de 23 de Abril, 227/94, de 8 de Setembro, 39/95, de 15 de Fevereiro, 329 -A/95, de 12 de Dezembro, pela Lei n.º 6/96, de 29 de Fevereiro, pelos Decretos -Leis n.os 180/96, de 25 de Setembro, 125/98, de 12 de Maio, 269/98, de 1 de Setembro, e 315/98, de 20 de Outubro, pela Lei n.º 3/99, de 13 de Janeiro, pelos Decretos -Leis n.os 375 -A/99, de 20 de Setembro, e 183/2000, de 10 de Agosto, pela Lei n.º 30 -D/2000, de 20 de Dezembro, pelos Decretos -Leis n.os 272/2001, de 13 de Outubro, e 323/2001, de 17 de Dezembro, pela Lei n.º 13/2002, de 19 de Fevereiro, e pelos Decretos--Leis n.os 38/2003, de 8 de Março, 199/2003, de 10 de Setembro, 324/2003, de 27 de Dezembro, e 53/2004, de 18 de Março, pela Leis n.º 6/2006, de 27 de Fevereiro, pelo Decreto -Lei n.º 76 -A/2006, de 29 de Março, pelas Leis n.º 14/2006, de 26 de Abril e 53 -A/2006, de 29 de Dezembro, pelos Decretos -Leis n.os 8/2007, de 17 de Janeiro, 303/2007, de 24 de Agosto, 34/2008, de 26 de Fevereiro, 116/2008, de 4 de Julho, pelas Leis n.os 52/2008, de 28 de Agosto, e 61/2008, de 31 de Outubro, pelo Decreto -Lei n.º 226/2008, de 20 de Novembro, e pela Lei n.º 29/2009, de 29 de Junho, passam a ter a seguinte redacção: ...



6 de Março de 2011
Os Homens da Luta, a votação "do povo" e o desagrado de alguns

Depois de ver a notícia do Público sobre os vencedores do Festival da Canção, fiquei a pensar. 
Diz o articulista que Os Homens da Luta foram os preferidos de 26 por cento dos votantes por telefone, muito à frente de Rui Andrade, o segundo mais votado, que obteve 12 por cento. A escolha desagradou ao público que marcou presença no Teatro Camões, em Lisboa, ontem à noite. Metade da plateia esvaziou mal os Homens da Luta foram anunciados como os representantes portugueses no Festival da Eurovisão deste ano. Os que ficaram encheram a sala com apupos, abafando as parcas palmas que se ouviram. Os votos por telefone contrariaram o júri e quem estava no Teatro Camões.

Isto foi o que me fez reflectir e conjecturar. Que paralelo, ou diferenças, existem entre as eleições de Sócrates e de tantos corruptos, ladrões e vigaristas, e esta eleição? Nunca vi o Público e os "jornalistas" do regime, fazerem tal análise. Nos caso das eleições para os que representam o "povo" (as aspas são do Público), o que é diferente? Vou ter que fazer um curso de sociologia, para ver se entendo...


3 de Março

Despedimentos e Desemprego

O combate ao desemprego (objectivo central da política consensualmente aceite) deve passar por tornar mais rigorosos os critérios de despedimento. O período de aviso prévio deverá aumentar, na razão directa dos números do desemprego, tanto para dificultar os despedimentos arbitrários, como para atender à maior dificuldade de reinserção. 

21 de Fev.

O que é Democracia?

Vou no 9º texto de reflexão sobre o que é a Democracia e de repente uma frase que vi, já nem sei onde, me esclareceu:


Democracia é a liberdade de escolhermos os nossos ditadores.


Depois dos exemplos históricos apresentados, com vários conceitos de Democracia, - democracia liberal, democracia socialista, democracia formal, democracia representativa, etc. - esta consigna ajusta-se a muitas situações conhecidas. Creio mesmo que não será preciso saír do país para estudar esta forma de Democracia.


Como estou numa página de Conjecturas, atrevo-me a denominar a nossa Democracia de "democracia masoquista" - que me perdoe Leopold von Sacher-Masoch, cujos ideais não eram exactamente estes. Nesta óptica de democracia, poderemos escolher os vários ditadores para nos bater, para nos roubar, para nos enganar, enfim poderemos escolher da enorme lista de candidatos que bem conhecemos e que sempre têm aparecido.


Nesta "democracia masoquista" temos apenas uma regra, aliás óbvia: "podemos escolher qualquer ditador desde que não seja comunista"



2 de Fev.
Economia de Mercado - Capitalismo
Produzir - Vender - Comprar - Lixo - Produzir - Vender - Comprar - Lixo - Produzir - Vender... Aumentar os lucros!


Este vídeo, tem a ver com a conjectura apresentada abaixo. No sistema capitalista que domina o mundo, com a sua economia de mercado, as principais empresas que controlam os mercados (estes não são aqueles que é preciso acalmar), projectam os produtos que fabricam para não ser compatíveis uns com os outros e para durarem pouco tempo. Em cada produto lançado, introduzem faseadamente,  também algumas inovações (upgrades) para que os consumidores sejam "obrigados" a actualizar os produtos ou a comprar novos.
Se a produção fosse concebida a pensar nos consumidores, muito do lixo produzido, era evitável. Todos ganhávamos e ganhava o planeta.



Horários de Trabalho e aumento da produção global

Em post mais antigo, escrevi sobre a evolução da Ciência e da Técnica que não está a ser utilizada para servir a Humanidade, mas principalmente os grandes capitalistas, detentores dos meios de produção mais avançados.
Aduzi algumas razões que creio tornar evidente, sem necessidade de grandes demonstrações, que hoje se produz muitas vezes acima das necessidades e com muito menos mão de obra. Existem no mundo mais de 230 milhões de desempregados que, para além de nada, ou muito pouco, produzirem, consomem recursos dos que trabalham.
Se a economia fosse planificada, com critério para servir a humanidade, o lógico seria distribuir o tempo necessário para a produção global, pelo número de trabalhadores no mundo.
Se assim fosse, a produção necessária à vida das pessoas mantinha-se e, o trabalho repartido equitativamente, permitia que cada trabalhador tivesse um horário de trabalho bastante mais curto.
Permitia, ainda, que a idade da reforma baixasse sem grandes percalços.
Nessa situação, a substituição do trabalho humano por máquinas, não provocaria desemprego mas, a benéfica redução do horário de trabalho.
Esta conjectura surge, não por desconhecer a razão principal, destas situações evidentemente irracionais. É sabido, desde os Séc. XVIII e XIX em especial depois da Revolução Industrial, que o desemprego é um poderoso aliado do capitalismo. É o forma mais eficaz, do capitalismo, no mercado de trabalho, sujeitar os trabalhadores aos baixos salários.
O desemprego, aumentando rapidamente o lucro do Capital, tem custos sociais elevadíssimos, que só em muito pequena parte os capitalistas suportam. Nesta óptica, os custos são divididos por toda a sociedade e os lucros apenas por alguns.
Essa mesma óptica de divisão dos custos, por todos, não se aplica, claro, à divisão do trabalho necessário, mantendo este sistema, um enorme "exército de reserva" de mão de obra.
Este critério de divisão do trabalho total necessário, pela globalidade da sociedade, exige uma alteração social, só possível com a implementação do Socialismo em todo o mundo.
Enquanto isso não acontece, creio ser necessário em cada país, os trabalhadores reivindicarem a redução dos horários de trabalho, como forma de reduzir o desemprego. Ao argumento da perda de competitividade relativamente a outros países, independentemente de penalizações que poderiam ser reivindicadas e aplicadas pelos Estados, na sua função social de reguladores, o que é importante prever, é que esse movimento rapidamente se poderia alastrar a muitos países, promovendo uma aproximação do ponto de equilíbrio.
A mensagem é simples, prevê-se que bem compreendida, constitui um factor de pedagogia e um complemento para a compreensão da irracionalidade e injustiça deste sistema, que tem que acabar em todo o mundo. Qualquer trabalhador compreende que algo está mal quando tem que trabalhar mais enquanto outros são despedidos por falta de trabalho. Qualquer trabalhador compreende que o horário de trabalho deveria ser reduzido na medida em que as máquinas substituem a maior parte do trabalho humano.


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